Naquele casamento, fala o juiz, dirigindo-se aos presentes “Se alguém tem algo a dizer, que obste este casamento, que fale agora ou cale-se para sempre!” e, lá do fundo da sala, ouve-se uma voz: “Eu me calo!”
Pior que uma acusação clara, explícita, definida, foi a dúvida, esta pedrinha no sapato, aquilo que tira o sono de muitos. À dúvida, o homem procura certezas. Ele torce para determinado time, tem a sua religião que, sem dúvida, “é a verdadeira”, confia neste ou naquele partido ou em nenhum, “pois nenhum presta”, e por aí vai.
Nós, seres humanos, necessitamos de referências e de valores; quem não tem um dos dois, se perde. Se faltarem os dois… é a loucura.
No Universo, o que é, É! Não há duas verdades, daí que, de todas as religiões e demais crenças, só uma pode estar certa, se é que alguma detém A Verdade, o que duvido. E como viver sem uma certeza? É, realmente não é fácil.
Num dia destes, eu estava a conversar com um amigo, tentando explicar minha teoria do Universo, ou melhor, do Homem com o Universo. Creio que este meu amigo ficou imaginando que eu tenho certeza do que “afirmo”. Na verdade, quando afirmo minha teoria, estou lançando uma hipótese para o caso de algo, de fato, existir, além deste momento e deste ponto no espaço, e é bom lembrar que “hipótese é algo que não é, mas a gente faz de conta que é pra ver como seria se fosse”. Mas se for? Aí surge a possibilidade de eu, como pôs em dúvida meu amigo, estar sendo o único certo. Serei eu um iluminado?
Não tenho essa presunção; não afirmo que… Bem, vamos à minha teoria. Espero que as Forças Universais me iluminem neste momento.
Vocês já tiveram oportunidade de presenciar fenômenos de premonição? Pois bem, eu assisti a vários casos e sei que tal fenômeno é um fato, daí ficou a pergunta: como isto é possível? Como é possível alguém prever algo que vai suceder horas ou dias depois? Como certos profetas previram coisas que vieram a ocorrer?
Há anos atrás se dizia que “o grande defeito das previsões meteorológicas era que, de vez em quando, elas acertavam”. Atualmente, com os novos computadores e com o aperfeiçoamento da coleta de dados meteorológicos, tais previsões conseguem prever as condições do tempo com vários dias de antecedência. Está evidente que previsões meteorológicas são bem mais simples do que premonições, mas se tivéssemos um computador “perfeito”, capaz de calcular “qualquer coisa” e fôssemos capazes de nele colocar tudo que se passa no Universo inteiro em determinado momento, então teríamos a possibilidade de prever o futuro.
Ora, tal computador já existe: é o cérebro humano! Essa maravilha… Minha observação chegou à seguinte “conclusão”: Nosso cérebro está para o Universo assim como cada neurônio está para o cérebro. A cada pensamento nosso, todos neurônios entram em ação, ou melhor, todos nossos neurônios estão sempre em ação e todo pensamento ou sensação que deva ser analisada, mesmo que em sonho, passa por “todos” os neurônios saudáveis, desobstruídos, de nosso cérebro. Da mesma forma, tudo que se passa no Universo, passa por todos os cérebros saudáveis, desobstruídos, do Universo.
Aí temos que considerar um fato: O que é um cérebro desobstruído? O que obstrui um cérebro sadio e o impede de se conectar com o Universo é o estado vigília, a atitude racional, e sei lá o que mais. Mais fácil será descrever um cérebro desobstruído, que é aquele que está “vazio”, estado só alcançável num perfeito relaxamento, algo perseguido pelos que meditam e, muitas vezes, alcançado pelos que sonham, pois, em tal estado, não têm qualquer censura a lhes atrapalhar o “contato”.
Assim sendo, se isto for verdadeiro, imagino que fazemos parte de algo muito maior. O que muitos denominam de Deus, seria este todo grandioso, do qual participamos. Em estando certa minha teoria, sou parte deste Deus, você igualmente; enfim: Todos e tudo formamos, somos este Deus. Ora, isto nos remete a uma nova ética, já que, não só valho tanto quanto qualquer um, como somos todos interdependentes.
Mas, voltando à dúvida: quem me garante que minha teoria está certa? No resto que por aí afirmam, com todo respeito por meus pares, não acredito. Não creio num deus fora de mim, ao qual eu deva respeito ou medo, e a quem deva pedir favores. Não vivo em função de castigos ou prêmios após a “morte”. Vivo e pronto. Estou aí pro que der e vier. Adoto esta minha teoria como sendo “A Verdade”, muito embora “não ponha a mão no fogo por ela”. Relaxo e busco ver a realidade à minha volta por este novo prisma, para mim bem mais interessante, bem mais significativo, uma verdadeira “Razão para Viver”.
Viver na dúvida, aprender a pensar em movimento, algo novo e deveras interessante, afinal nada é fixo, permanente, e a realidade só pode ser apreendida em suas nuances, suas flutuações.
Vamos pensar juntos?
sexta-feira, 22 de maio de 2009
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