Desde cedo ouvi esta expressão sem lhe dar atenção. Era já um moço quando atentei para ela e discordei pois minha leitura foi: Quem quer, pode o que bem entender, ou seja, basta querer e obteremos o desejado. Fiquei nesta discordância até o dia em que li: Querer é um poder arquipotente, ou seja, quem dessa maneira escreveu afirmava que o querer é um poder muito grande, uma grande força a nosso dispor. Nesse momento concordei com o aforismo.
Ainda bem jovem, antes disso, adolescente ainda, havia lido de um autor argentino cujo nome não lembro (era um livro de minha mãe que eu pegara à revelia), a seguinte colocação: “Toda idéia que domina nossa mente tende a realizar-se e se realiza em nós desde que seja realizável.” Há certa lógica nesta expressão e sempre cri nela.
Aí vem uma certa oraçãozinha citada em um livro de auto ajuda de Dale Carnegie intitulado “Como evitar preocupações e começar a viver”, livro que representou um de meus primeiros passos com alguma base teórica, pois até então só recebera disciplina. Diz a tal oração: “Senhor, dai-me a serenidade para aceitar as coisas que não posso mudar, a coragem para mudar as coisas que posso e a sabedoria para saber a diferença.”
Pois bem, a estas alturas passei a ter alguns elementos para construir um “novo eu”, pois tudo isto veio a aflorar em minha idéia de Reeducação que se configurou pouco tempo depois.
Podemos ter a Vontade (que vem do querer); podemos ter um elenco de coisas “realizáveis em nós”; podemos ter a coragem e a serenidade.... Mas podemos errar na escolha de O QUE ME É MELHOR INDICADO?.
Primeiramente: Queremos TER ou SER?
Atualmente critica-se muito (e diga-se de passagem que mui acertadamente) a reinante mania do querer TER, fruto do consumismo desenfreado, e já se fala bastante no SER, só que aí entra a questão: o que SER? Pois, como podemos ser muitas coisas, corremos o risco de fazer a escolha errada. É aí que se faz indispensável a SABEDORIA, só que Sabedoria não se encontra pronta: há que construí-la, e isto leva tempo.
Quando jovens não temos a vivência mas temos toda uma vida pela frente, o que nos faculta OUSAR. É na ousadia que os jovens se moldam. Se o jovem QUER SER ALGO POSSÍVEL DE SER E A ELE ADEQUADO, E TEM A DEVIDA CORAGEM PARA TENTÁ-LO, ele vai tentar chegar à sua meta e vai alcançá-la um dia.
Querer SER, quando adequadamente escolhido, quando algo não egoísta nem piegas, atrai as forças do Universo que vêm em auxílio de todo aquele que, sem medo de parecer ridículo e a despeito de toda opinião contrária, OUSA IR EM BUSCA DE SI MESMO.
quarta-feira, 1 de julho de 2009
sábado, 27 de junho de 2009
Eu Não Existo Sem Você
“Eu Não Existo sem Você” – Música de Tom e Vinícius cantada por Maysa
Sábado frio e chuvoso, acordei tarde, sem planos, tranqüilo preparava meu desjejum e eis que, por telefone, meu amigo Daniel, um argentino que mora no norte da ilha, me telefona em busca de ajuda para fazer funcionar corretamente sua estufa, idêntica à minha (ambas adquiridas na Argentina) e que não estava queimando corretamente. Após trocar algumas informações, propus ir, após o desjejum, à casa dele tentar solucionar o problema e fazer uma visita a ele e sua filhinha de quase quatro anos, a Valentina, que uma vez publiquei em foto quando tinha seis meses (aparecemos ela e eu – alguém lembra? – linda!).
Pois bem, desligado o telefone, passam-se alguns minutos e ele me telefona novamente informando ter descoberto um erro na instalação e que já fizera a devida correção, estando o aparelho funcionando perfeitamente. “De qualquer maneira, agora que resolvi ir te visitar, vou”, disse-lhe eu. “Então está, vem e vamos tomar um mate!”
Enquanto fazia meu desjejum, pensei “que bom, vou sair de casa, encarar uma estrada, sair do marasmo” e fiquei refletindo sobre a questão da interdependência em que vivemos e sobre o lado benéfico dela. Se soubermos lidar com os apelos da vida, se soubermos lidar com os excessos e não nos irritar com as calmarias, como pode ser bom estar aqui, vivenciando os fatos exteriores e interiores. Como é bom quando um amigo nos chama ou nos visita – amigos se visitam sempre que a oportunidade se apresenta. Haverá riqueza maior do que a da amizade?
No plano espiritual, talvez, mas isto só vou saber depois que me desligar deste corpo que ora habito; por aqui o que me é mais rico é ter amigos, pessoas que me façam sentir que estou vivo, que existo. Como diz o Vinícius, usando outras palavras, “eu poderia suportar a carência de amores porém jamais conseguiria viver sem amigos”.
Pronta esta crônica, vou encarar a chuva que cai serena num dia um tanto escuro mas cheio de luz.
A música do título é romântica. Numa releitura e novamente “plagiando” Vinícius, digo: “Meu amigo, eu não existo sem você!”
Sábado frio e chuvoso, acordei tarde, sem planos, tranqüilo preparava meu desjejum e eis que, por telefone, meu amigo Daniel, um argentino que mora no norte da ilha, me telefona em busca de ajuda para fazer funcionar corretamente sua estufa, idêntica à minha (ambas adquiridas na Argentina) e que não estava queimando corretamente. Após trocar algumas informações, propus ir, após o desjejum, à casa dele tentar solucionar o problema e fazer uma visita a ele e sua filhinha de quase quatro anos, a Valentina, que uma vez publiquei em foto quando tinha seis meses (aparecemos ela e eu – alguém lembra? – linda!).
Pois bem, desligado o telefone, passam-se alguns minutos e ele me telefona novamente informando ter descoberto um erro na instalação e que já fizera a devida correção, estando o aparelho funcionando perfeitamente. “De qualquer maneira, agora que resolvi ir te visitar, vou”, disse-lhe eu. “Então está, vem e vamos tomar um mate!”
Enquanto fazia meu desjejum, pensei “que bom, vou sair de casa, encarar uma estrada, sair do marasmo” e fiquei refletindo sobre a questão da interdependência em que vivemos e sobre o lado benéfico dela. Se soubermos lidar com os apelos da vida, se soubermos lidar com os excessos e não nos irritar com as calmarias, como pode ser bom estar aqui, vivenciando os fatos exteriores e interiores. Como é bom quando um amigo nos chama ou nos visita – amigos se visitam sempre que a oportunidade se apresenta. Haverá riqueza maior do que a da amizade?
No plano espiritual, talvez, mas isto só vou saber depois que me desligar deste corpo que ora habito; por aqui o que me é mais rico é ter amigos, pessoas que me façam sentir que estou vivo, que existo. Como diz o Vinícius, usando outras palavras, “eu poderia suportar a carência de amores porém jamais conseguiria viver sem amigos”.
Pronta esta crônica, vou encarar a chuva que cai serena num dia um tanto escuro mas cheio de luz.
A música do título é romântica. Numa releitura e novamente “plagiando” Vinícius, digo: “Meu amigo, eu não existo sem você!”
domingo, 21 de junho de 2009
IDEOLOGIAS
Comunismo, capitalismo, socialismo, cristianismo, budismo, islamismo, judaísmo, ...........ismo, ..........ismo, individualismo, egoísmo, .....comodismos! Tout pret a Porter, tudo idéias prontas como roupa de loja: é só vestir e sair usando. É o modernismo, a lei do menor esforço: caminhar, pra quê, se tenho um carro? Pensar, pra quê, se já tenho uma ideologia que atende minhas necessidades?
Pensar não é algo cômodo, docinho feito sorvete; na mais das vezes, ao pensar, nos deparamos com nós mesmos, e isto é o que mais nos assusta. Fácil emitir opinião sobre o que os outros devem fazer; difícil tentar mudanças em si mesmo.
Recebi, hoje, a seguinte frase: “Todo mundo ‘pensando’ em deixar um planeta melhor para nossos filhos... Quando é que ‘pensarão’ em deixar filhos melhores para o nosso planeta?” Pelo visto, finalmente está se difundindo a idéia de se melhorar os indivíduos antes de se pensar nas instituições. Prega-se “Amai-vos uns aos outros!” mas não se ensina o básico, o Respeito.
Respeito por tudo, a começar por nós mesmos. Quando nos propomos uma coisa e, já no ato, sabemos que não a vamos cumprir, a quem estamos enganando? A quem estamos desrespeitando?
Conflito no cérebro! Pensamos com palavras; ainda não foi inventada outra maneira de organizar nosso cérebro. Talvez no dia em que o homem se comunicar telepaticamente este processo possa ser abandonado, mas por ora é o que temos. Há que se ter um mínimo de cultura para lidarmos com o meio e a linguagem, neste momento histórico em que estamos, é uma ferramenta indispensável. Confundir as palavras é como usar a ferramenta errada: martelo em vez de chave de fenda!
Como alguém vai amar o próximo se não ama a si mesmo? No respeito já é mais fácil: você pode não se respeitar, mas se impõe que respeite o próximo, senão vai doer em você. É o embate entre o sujeito e o meio.
Se o indivíduo chegar à conclusão sublime de que ele é, conjuntamente com os demais seres do Universo, uma divindade onipotente, ele terá para com seus pares tanto interesse no bem estar quanto para consigo mesmo: ele, então, poderá amar o próximo. E sem ser coagido a fazê-lo.
Pensar não é algo cômodo, docinho feito sorvete; na mais das vezes, ao pensar, nos deparamos com nós mesmos, e isto é o que mais nos assusta. Fácil emitir opinião sobre o que os outros devem fazer; difícil tentar mudanças em si mesmo.
Recebi, hoje, a seguinte frase: “Todo mundo ‘pensando’ em deixar um planeta melhor para nossos filhos... Quando é que ‘pensarão’ em deixar filhos melhores para o nosso planeta?” Pelo visto, finalmente está se difundindo a idéia de se melhorar os indivíduos antes de se pensar nas instituições. Prega-se “Amai-vos uns aos outros!” mas não se ensina o básico, o Respeito.
Respeito por tudo, a começar por nós mesmos. Quando nos propomos uma coisa e, já no ato, sabemos que não a vamos cumprir, a quem estamos enganando? A quem estamos desrespeitando?
Conflito no cérebro! Pensamos com palavras; ainda não foi inventada outra maneira de organizar nosso cérebro. Talvez no dia em que o homem se comunicar telepaticamente este processo possa ser abandonado, mas por ora é o que temos. Há que se ter um mínimo de cultura para lidarmos com o meio e a linguagem, neste momento histórico em que estamos, é uma ferramenta indispensável. Confundir as palavras é como usar a ferramenta errada: martelo em vez de chave de fenda!
Como alguém vai amar o próximo se não ama a si mesmo? No respeito já é mais fácil: você pode não se respeitar, mas se impõe que respeite o próximo, senão vai doer em você. É o embate entre o sujeito e o meio.
Se o indivíduo chegar à conclusão sublime de que ele é, conjuntamente com os demais seres do Universo, uma divindade onipotente, ele terá para com seus pares tanto interesse no bem estar quanto para consigo mesmo: ele, então, poderá amar o próximo. E sem ser coagido a fazê-lo.
domingo, 14 de junho de 2009
YOGA - Por Swami Satchidananda
Você é a essência... Não há o que buscar fora... Tudo está dentro!
Caminhe em busca da luz interna... Se já está cansado de perseguir a felicidade, renuncie a todo tipo de apego, ande na direção do Sol... Então, lentamente, olhe para trás, por cima do ombro. A sombra que você perseguia, agora o persegue... O mundo o buscará se você não buscar o mundo – Esse é o segredo!
O mundo não é terrível nem imperfeito... É perfeito! Você está em processo de fabricação, melhor do que em qualquer grande complexo industrial moderno. Você necessita do sofrimento para conhecer a verdade. Assim como é preciso esquentar o ouro ao máximo e esfriá-lo para que reluza sua pureza, todas as pessoas são purificadas pelo calor do sofrimento. Assim é a vida...
Aprenda a lição que provém da dor. É uma advertência acerca de algum erro cometido... Chegando ao sofrimento, aceite-o com alegria, agradeça a Deus e à pessoa que o provocou. Dê as boas vindas a essa pessoa, mas não a imite, fazendo sofrer aos demais. Quando você entra em contato com sua natureza divina, nada no mundo pode lhe fazer mal.
Você tem livre arbítrio para fazer o que deseja. Ao fazer algo apenas para o seu benefício, a conseqüência recairá sobre você. Esta conseqüência chama-se karma. Se tudo é feito corretamente não há como enfrentar o karma, pois uma ação livre de egoísmo não o produz.
Desligue-se. Todo desejo pessoal é um nó que o aprisiona. Você não tem que renunciar a nada neste mundo, somente o seu apego a ele. Pode possuir coisas, mas não permita que essas coisas se apossem de você. E não acumule mais do que necessita.
Você nunca nasceu e nunca vai morrer. Você não tem idade, somente o corpo tem idade. A alma sabe por si própria que é ilimitada e imortal...
A morte significa mudança de forma, só isso. É inevitável e está acontecendo a cada minuto. Você não é a mesma pessoa que você era há um minuto atrás. Uma parte de você já está morta e uma parte está nascendo... Quando a árvore morre você obtém tábuas; quando as tábuas morrem, você consegue uma cadeira, quando a cadeira morre, você tem lenha, quando a lenha morre, você tem cinzas...Não há morte alguma!
O seu corpo é o seu país... Cuide de tudo que você ingere, física e mentalmente. Vá ao zoológico e observe os animais. Os carnívoros estão sempre inquietos, rondando à procura da presa, mesmo dentro de suas jaulas. Depois observe os animais vegetarianos... São tão suaves, tão gentis... Eles olham para você e sorriem.
Muito do que chamamos de civilização é artificial e insalubre.
Nós temos que retornar à vida natural. Isso é YOGA.
Caminhe em busca da luz interna... Se já está cansado de perseguir a felicidade, renuncie a todo tipo de apego, ande na direção do Sol... Então, lentamente, olhe para trás, por cima do ombro. A sombra que você perseguia, agora o persegue... O mundo o buscará se você não buscar o mundo – Esse é o segredo!
O mundo não é terrível nem imperfeito... É perfeito! Você está em processo de fabricação, melhor do que em qualquer grande complexo industrial moderno. Você necessita do sofrimento para conhecer a verdade. Assim como é preciso esquentar o ouro ao máximo e esfriá-lo para que reluza sua pureza, todas as pessoas são purificadas pelo calor do sofrimento. Assim é a vida...
Aprenda a lição que provém da dor. É uma advertência acerca de algum erro cometido... Chegando ao sofrimento, aceite-o com alegria, agradeça a Deus e à pessoa que o provocou. Dê as boas vindas a essa pessoa, mas não a imite, fazendo sofrer aos demais. Quando você entra em contato com sua natureza divina, nada no mundo pode lhe fazer mal.
Você tem livre arbítrio para fazer o que deseja. Ao fazer algo apenas para o seu benefício, a conseqüência recairá sobre você. Esta conseqüência chama-se karma. Se tudo é feito corretamente não há como enfrentar o karma, pois uma ação livre de egoísmo não o produz.
Desligue-se. Todo desejo pessoal é um nó que o aprisiona. Você não tem que renunciar a nada neste mundo, somente o seu apego a ele. Pode possuir coisas, mas não permita que essas coisas se apossem de você. E não acumule mais do que necessita.
Você nunca nasceu e nunca vai morrer. Você não tem idade, somente o corpo tem idade. A alma sabe por si própria que é ilimitada e imortal...
A morte significa mudança de forma, só isso. É inevitável e está acontecendo a cada minuto. Você não é a mesma pessoa que você era há um minuto atrás. Uma parte de você já está morta e uma parte está nascendo... Quando a árvore morre você obtém tábuas; quando as tábuas morrem, você consegue uma cadeira, quando a cadeira morre, você tem lenha, quando a lenha morre, você tem cinzas...Não há morte alguma!
O seu corpo é o seu país... Cuide de tudo que você ingere, física e mentalmente. Vá ao zoológico e observe os animais. Os carnívoros estão sempre inquietos, rondando à procura da presa, mesmo dentro de suas jaulas. Depois observe os animais vegetarianos... São tão suaves, tão gentis... Eles olham para você e sorriem.
Muito do que chamamos de civilização é artificial e insalubre.
Nós temos que retornar à vida natural. Isso é YOGA.
sábado, 6 de junho de 2009
ENTRE O SONHO E A REALIDADE
Hoje cedo, tive um sonho curioso. As coisas não eram bem claras, mas havia no ar uma competição de escrita entre escritores e os requisitos eram quatro, mas lembro apenas de três: clareza, concisão e beleza de estilo. O vencedor foi Shakespeare, ou seja, ele venceu, sozinho, todos os quatro itens.
Tomado ao pé da letra, o sonho configura-se como absurdo, nada a ver com a vida real: um vencer sozinho todos os desafios. Preparando meu desjejum, pouco mais tarde, refletia sobre a vida e as possibilidades que temos de lidar com nós mesmos em nossas aspirações, desejos e demais dificuldades que a vida nos impõe; nem lembrava do sonho quando, de repente, formou-se a ponte: o sonho que tivera pouco antes. Sim, ali estava a resposta do sonho: tudo é possível desde que as exigências não ultrapassem o que nos é apropriado.
Por certo ainda estava quente em minha mente o que escrevera ontem à noite sobre “o supremo valor” (está no meu mural ou quadro de recados). Criamo-nos numa sociedade extremamente sofisticada e eivada de desejos os mais estrambóticos. Por certo que o homem tem como sina passar por muito sofrimento para, um dia, descobrir a simplicidade das coisas. Há quem diga que viver é preparar-se pra morte; simples, não é? Enquanto o passamento não vem, circulamos entre tantas propostas. Lidar com elas é nosso grande desafio.
Shakespeare entra perfeitamente em meu sonho; gosto de vários escritores que nem sequer foram lembrados no sonho; Shakespeare admiro por algumas de suas histórias que vi em filmes e alguns escritos rápidos a ele atribuídos, mas nunca consegui lê-lo: é-me tediosa sua forma de escrever.
Está um lindo dia. Micro no colo, ao sol, escrevo estas linhas e vejo que a vida, na idade da pedra ou hoje, sempre é possível, desde que não exijamos dela mais do que nos pode dar. Isto se chama lidar com os limites.
Bom final de semana!
miguel angelo – 060609
Tomado ao pé da letra, o sonho configura-se como absurdo, nada a ver com a vida real: um vencer sozinho todos os desafios. Preparando meu desjejum, pouco mais tarde, refletia sobre a vida e as possibilidades que temos de lidar com nós mesmos em nossas aspirações, desejos e demais dificuldades que a vida nos impõe; nem lembrava do sonho quando, de repente, formou-se a ponte: o sonho que tivera pouco antes. Sim, ali estava a resposta do sonho: tudo é possível desde que as exigências não ultrapassem o que nos é apropriado.
Por certo ainda estava quente em minha mente o que escrevera ontem à noite sobre “o supremo valor” (está no meu mural ou quadro de recados). Criamo-nos numa sociedade extremamente sofisticada e eivada de desejos os mais estrambóticos. Por certo que o homem tem como sina passar por muito sofrimento para, um dia, descobrir a simplicidade das coisas. Há quem diga que viver é preparar-se pra morte; simples, não é? Enquanto o passamento não vem, circulamos entre tantas propostas. Lidar com elas é nosso grande desafio.
Shakespeare entra perfeitamente em meu sonho; gosto de vários escritores que nem sequer foram lembrados no sonho; Shakespeare admiro por algumas de suas histórias que vi em filmes e alguns escritos rápidos a ele atribuídos, mas nunca consegui lê-lo: é-me tediosa sua forma de escrever.
Está um lindo dia. Micro no colo, ao sol, escrevo estas linhas e vejo que a vida, na idade da pedra ou hoje, sempre é possível, desde que não exijamos dela mais do que nos pode dar. Isto se chama lidar com os limites.
Bom final de semana!
miguel angelo – 060609
O SUPREMO VALOR
Haverá uma “Vontade” suprema? O tão alardeado “Deus” existe? E minha concepção de Universo, como fica? É quase o mesmo; só que quase não é igual. Aliás são duas concepções bem distintas: a primeira, hierárquica, quanto à minha, simples interação. Cheguei por conta própria a esta teoria e, por muito tempo, pensei ser o único “adepto” da idéia; no entanto venho descobrindo muitos que comungam do mesmo ponto de vista, fato que me trouxe um certo conforto, uma certa esperança de que, um dia, haverá uma “massa crítica” capaz de iluminar este mundo de trevas.
Contrapondo-se à afirmação de que o homem é criação de Deus, existe, há muito, a afirmação de que Deus é criação do homem. Sou bem mais por esta última e acrescento que, ao criar Deus, o homem atribuiu à sua relação dali decorrente uma condição hierárquica, atitude bem de acordo com seu mesquinho interesse pelo poder, pelo domínio sobre seu semelhante. Em seu simplismo, em sua incapacidade de ver mais adiante ou, melhor ainda, em seu pavor em conviver com a dúvida, já que nada disto é comprobatório, ele inventou uma certeza, algo palpável e com nome próprio. O mistério apavora os fracos que só se sentem “seguros” quando na manada, no lusco fusco; a luz intensa os ofusca, daí que, sempre que podem, tratam de destruir toda fonte de luz.
A história de Jesus, o nazareno, foi totalmente deturpada em proveito de uma instituição destinada ao exercício do poder temporal, mas em nome de algo dito espiritual. A instituição deu tão certo que gerou uma infinidade de filhotes, hoje montados na grana, o novo deus de fato. Surgisse Jesus em nosso meio, hoje, seria um estorvo, e logo tratariam de eliminá-lo, dar-lhe um “chá de sumiço”.
E o mundo do Tao, como é isto? Existe o “Caminho Perfeito”? Por certo existe; o difícil é encontrá-lo. Ele é simples e, como tudo que é simples, é o mais difícil de identificar. Nossa cultura é a da complicação e sentimos tédio quando temos que lidar com o simples. O Simples é tão simples que, ao nos depararmos com ele, não acreditamos em sua eficácia, e partimos para fórmulas complexas que tem um status superior; tem sabor científico. E nos sentimos importantes.
Automóveis, aviões, altos edifícios, computadores, celulares, teorias quânticas e tudo quanto é de complexo nos fascina. Caminhar, parar, contemplar, nos assustam, nos lembram ócio, que é visto como um defeito neste mundo de produtividade. O grande equívoco está justamente nessa atitude frenética em busca de bens materiais que nos desvia o olhar do que é mais importante. Simplesmente vivemos alienados, obliterados do impalpável caminho da luz.
Segundo o Lao Tse, quem segue o Tao nada faz e, nada fazendo, nada há que deixe de fazer. Difícil de entender? Evidentemente é extremamente difícil de ser assimilado por mentes criadas em culturas mecanicistas; é como querer ver a marca d’água num papel sem olhar através do mesmo: há que haver luz do outro lado...
Contrapondo-se à afirmação de que o homem é criação de Deus, existe, há muito, a afirmação de que Deus é criação do homem. Sou bem mais por esta última e acrescento que, ao criar Deus, o homem atribuiu à sua relação dali decorrente uma condição hierárquica, atitude bem de acordo com seu mesquinho interesse pelo poder, pelo domínio sobre seu semelhante. Em seu simplismo, em sua incapacidade de ver mais adiante ou, melhor ainda, em seu pavor em conviver com a dúvida, já que nada disto é comprobatório, ele inventou uma certeza, algo palpável e com nome próprio. O mistério apavora os fracos que só se sentem “seguros” quando na manada, no lusco fusco; a luz intensa os ofusca, daí que, sempre que podem, tratam de destruir toda fonte de luz.
A história de Jesus, o nazareno, foi totalmente deturpada em proveito de uma instituição destinada ao exercício do poder temporal, mas em nome de algo dito espiritual. A instituição deu tão certo que gerou uma infinidade de filhotes, hoje montados na grana, o novo deus de fato. Surgisse Jesus em nosso meio, hoje, seria um estorvo, e logo tratariam de eliminá-lo, dar-lhe um “chá de sumiço”.
E o mundo do Tao, como é isto? Existe o “Caminho Perfeito”? Por certo existe; o difícil é encontrá-lo. Ele é simples e, como tudo que é simples, é o mais difícil de identificar. Nossa cultura é a da complicação e sentimos tédio quando temos que lidar com o simples. O Simples é tão simples que, ao nos depararmos com ele, não acreditamos em sua eficácia, e partimos para fórmulas complexas que tem um status superior; tem sabor científico. E nos sentimos importantes.
Automóveis, aviões, altos edifícios, computadores, celulares, teorias quânticas e tudo quanto é de complexo nos fascina. Caminhar, parar, contemplar, nos assustam, nos lembram ócio, que é visto como um defeito neste mundo de produtividade. O grande equívoco está justamente nessa atitude frenética em busca de bens materiais que nos desvia o olhar do que é mais importante. Simplesmente vivemos alienados, obliterados do impalpável caminho da luz.
Segundo o Lao Tse, quem segue o Tao nada faz e, nada fazendo, nada há que deixe de fazer. Difícil de entender? Evidentemente é extremamente difícil de ser assimilado por mentes criadas em culturas mecanicistas; é como querer ver a marca d’água num papel sem olhar através do mesmo: há que haver luz do outro lado...
sexta-feira, 22 de maio de 2009
CONVITE À DÚVIDA
Naquele casamento, fala o juiz, dirigindo-se aos presentes “Se alguém tem algo a dizer, que obste este casamento, que fale agora ou cale-se para sempre!” e, lá do fundo da sala, ouve-se uma voz: “Eu me calo!”
Pior que uma acusação clara, explícita, definida, foi a dúvida, esta pedrinha no sapato, aquilo que tira o sono de muitos. À dúvida, o homem procura certezas. Ele torce para determinado time, tem a sua religião que, sem dúvida, “é a verdadeira”, confia neste ou naquele partido ou em nenhum, “pois nenhum presta”, e por aí vai.
Nós, seres humanos, necessitamos de referências e de valores; quem não tem um dos dois, se perde. Se faltarem os dois… é a loucura.
No Universo, o que é, É! Não há duas verdades, daí que, de todas as religiões e demais crenças, só uma pode estar certa, se é que alguma detém A Verdade, o que duvido. E como viver sem uma certeza? É, realmente não é fácil.
Num dia destes, eu estava a conversar com um amigo, tentando explicar minha teoria do Universo, ou melhor, do Homem com o Universo. Creio que este meu amigo ficou imaginando que eu tenho certeza do que “afirmo”. Na verdade, quando afirmo minha teoria, estou lançando uma hipótese para o caso de algo, de fato, existir, além deste momento e deste ponto no espaço, e é bom lembrar que “hipótese é algo que não é, mas a gente faz de conta que é pra ver como seria se fosse”. Mas se for? Aí surge a possibilidade de eu, como pôs em dúvida meu amigo, estar sendo o único certo. Serei eu um iluminado?
Não tenho essa presunção; não afirmo que… Bem, vamos à minha teoria. Espero que as Forças Universais me iluminem neste momento.
Vocês já tiveram oportunidade de presenciar fenômenos de premonição? Pois bem, eu assisti a vários casos e sei que tal fenômeno é um fato, daí ficou a pergunta: como isto é possível? Como é possível alguém prever algo que vai suceder horas ou dias depois? Como certos profetas previram coisas que vieram a ocorrer?
Há anos atrás se dizia que “o grande defeito das previsões meteorológicas era que, de vez em quando, elas acertavam”. Atualmente, com os novos computadores e com o aperfeiçoamento da coleta de dados meteorológicos, tais previsões conseguem prever as condições do tempo com vários dias de antecedência. Está evidente que previsões meteorológicas são bem mais simples do que premonições, mas se tivéssemos um computador “perfeito”, capaz de calcular “qualquer coisa” e fôssemos capazes de nele colocar tudo que se passa no Universo inteiro em determinado momento, então teríamos a possibilidade de prever o futuro.
Ora, tal computador já existe: é o cérebro humano! Essa maravilha… Minha observação chegou à seguinte “conclusão”: Nosso cérebro está para o Universo assim como cada neurônio está para o cérebro. A cada pensamento nosso, todos neurônios entram em ação, ou melhor, todos nossos neurônios estão sempre em ação e todo pensamento ou sensação que deva ser analisada, mesmo que em sonho, passa por “todos” os neurônios saudáveis, desobstruídos, de nosso cérebro. Da mesma forma, tudo que se passa no Universo, passa por todos os cérebros saudáveis, desobstruídos, do Universo.
Aí temos que considerar um fato: O que é um cérebro desobstruído? O que obstrui um cérebro sadio e o impede de se conectar com o Universo é o estado vigília, a atitude racional, e sei lá o que mais. Mais fácil será descrever um cérebro desobstruído, que é aquele que está “vazio”, estado só alcançável num perfeito relaxamento, algo perseguido pelos que meditam e, muitas vezes, alcançado pelos que sonham, pois, em tal estado, não têm qualquer censura a lhes atrapalhar o “contato”.
Assim sendo, se isto for verdadeiro, imagino que fazemos parte de algo muito maior. O que muitos denominam de Deus, seria este todo grandioso, do qual participamos. Em estando certa minha teoria, sou parte deste Deus, você igualmente; enfim: Todos e tudo formamos, somos este Deus. Ora, isto nos remete a uma nova ética, já que, não só valho tanto quanto qualquer um, como somos todos interdependentes.
Mas, voltando à dúvida: quem me garante que minha teoria está certa? No resto que por aí afirmam, com todo respeito por meus pares, não acredito. Não creio num deus fora de mim, ao qual eu deva respeito ou medo, e a quem deva pedir favores. Não vivo em função de castigos ou prêmios após a “morte”. Vivo e pronto. Estou aí pro que der e vier. Adoto esta minha teoria como sendo “A Verdade”, muito embora “não ponha a mão no fogo por ela”. Relaxo e busco ver a realidade à minha volta por este novo prisma, para mim bem mais interessante, bem mais significativo, uma verdadeira “Razão para Viver”.
Viver na dúvida, aprender a pensar em movimento, algo novo e deveras interessante, afinal nada é fixo, permanente, e a realidade só pode ser apreendida em suas nuances, suas flutuações.
Vamos pensar juntos?
Pior que uma acusação clara, explícita, definida, foi a dúvida, esta pedrinha no sapato, aquilo que tira o sono de muitos. À dúvida, o homem procura certezas. Ele torce para determinado time, tem a sua religião que, sem dúvida, “é a verdadeira”, confia neste ou naquele partido ou em nenhum, “pois nenhum presta”, e por aí vai.
Nós, seres humanos, necessitamos de referências e de valores; quem não tem um dos dois, se perde. Se faltarem os dois… é a loucura.
No Universo, o que é, É! Não há duas verdades, daí que, de todas as religiões e demais crenças, só uma pode estar certa, se é que alguma detém A Verdade, o que duvido. E como viver sem uma certeza? É, realmente não é fácil.
Num dia destes, eu estava a conversar com um amigo, tentando explicar minha teoria do Universo, ou melhor, do Homem com o Universo. Creio que este meu amigo ficou imaginando que eu tenho certeza do que “afirmo”. Na verdade, quando afirmo minha teoria, estou lançando uma hipótese para o caso de algo, de fato, existir, além deste momento e deste ponto no espaço, e é bom lembrar que “hipótese é algo que não é, mas a gente faz de conta que é pra ver como seria se fosse”. Mas se for? Aí surge a possibilidade de eu, como pôs em dúvida meu amigo, estar sendo o único certo. Serei eu um iluminado?
Não tenho essa presunção; não afirmo que… Bem, vamos à minha teoria. Espero que as Forças Universais me iluminem neste momento.
Vocês já tiveram oportunidade de presenciar fenômenos de premonição? Pois bem, eu assisti a vários casos e sei que tal fenômeno é um fato, daí ficou a pergunta: como isto é possível? Como é possível alguém prever algo que vai suceder horas ou dias depois? Como certos profetas previram coisas que vieram a ocorrer?
Há anos atrás se dizia que “o grande defeito das previsões meteorológicas era que, de vez em quando, elas acertavam”. Atualmente, com os novos computadores e com o aperfeiçoamento da coleta de dados meteorológicos, tais previsões conseguem prever as condições do tempo com vários dias de antecedência. Está evidente que previsões meteorológicas são bem mais simples do que premonições, mas se tivéssemos um computador “perfeito”, capaz de calcular “qualquer coisa” e fôssemos capazes de nele colocar tudo que se passa no Universo inteiro em determinado momento, então teríamos a possibilidade de prever o futuro.
Ora, tal computador já existe: é o cérebro humano! Essa maravilha… Minha observação chegou à seguinte “conclusão”: Nosso cérebro está para o Universo assim como cada neurônio está para o cérebro. A cada pensamento nosso, todos neurônios entram em ação, ou melhor, todos nossos neurônios estão sempre em ação e todo pensamento ou sensação que deva ser analisada, mesmo que em sonho, passa por “todos” os neurônios saudáveis, desobstruídos, de nosso cérebro. Da mesma forma, tudo que se passa no Universo, passa por todos os cérebros saudáveis, desobstruídos, do Universo.
Aí temos que considerar um fato: O que é um cérebro desobstruído? O que obstrui um cérebro sadio e o impede de se conectar com o Universo é o estado vigília, a atitude racional, e sei lá o que mais. Mais fácil será descrever um cérebro desobstruído, que é aquele que está “vazio”, estado só alcançável num perfeito relaxamento, algo perseguido pelos que meditam e, muitas vezes, alcançado pelos que sonham, pois, em tal estado, não têm qualquer censura a lhes atrapalhar o “contato”.
Assim sendo, se isto for verdadeiro, imagino que fazemos parte de algo muito maior. O que muitos denominam de Deus, seria este todo grandioso, do qual participamos. Em estando certa minha teoria, sou parte deste Deus, você igualmente; enfim: Todos e tudo formamos, somos este Deus. Ora, isto nos remete a uma nova ética, já que, não só valho tanto quanto qualquer um, como somos todos interdependentes.
Mas, voltando à dúvida: quem me garante que minha teoria está certa? No resto que por aí afirmam, com todo respeito por meus pares, não acredito. Não creio num deus fora de mim, ao qual eu deva respeito ou medo, e a quem deva pedir favores. Não vivo em função de castigos ou prêmios após a “morte”. Vivo e pronto. Estou aí pro que der e vier. Adoto esta minha teoria como sendo “A Verdade”, muito embora “não ponha a mão no fogo por ela”. Relaxo e busco ver a realidade à minha volta por este novo prisma, para mim bem mais interessante, bem mais significativo, uma verdadeira “Razão para Viver”.
Viver na dúvida, aprender a pensar em movimento, algo novo e deveras interessante, afinal nada é fixo, permanente, e a realidade só pode ser apreendida em suas nuances, suas flutuações.
Vamos pensar juntos?
CULPA
A culpa existe? Sim, tanto quanto os fantasmas existem nas cabeças dos que neles crêem. Então a culpa é uma invenção da imaginação do homem? Sim. Mas então como se explica isto?
A vida na sociedade humana presume, exige mesmo, certas regras; neste “pacote” de regras vem um elemento punitivo denominado castigo que se destina a intimidar todo aquele que pretenda infringir o estabelecido. Com o intuito de se instrumentalizar para enfrentar os problemas decorrentes das infrações às regras de conduta, a sociedade instituiu o Direito, isto é, uma instituição que cuida, entre outros, dos casos de desvio de conduta. Para melhor atuar, o direito estudou e fez algumas classificações práticas para o funcionamento mais rápido e eficiente (ao invés de eficiente, aqui deveria ser “justo”; no entanto as conveniências e o despreparo sociais impedem a verdadeira justiça) possível da instituição.
O desvio de conduta passou a ser denominado de crime e, este, classificado como culposo ou doloso. Culposo, quando apenas houve falha do indivíduo que cometeu o “crime”, sem que, no entanto, ele o tenha premeditado; o doloso é justamente quando houve premeditação, intenção. Após todo um processo de julgamento, e isto por uma questão de praticidade, o acusado de crime, o réu, é definido entre duas possibilidades; culpado ou inocente. Não se usa, neste momento, o termo dolo, mesmo que exista. Ora, advém daí a expressão de culpado pra tudo quanto é situação em que alguém infringe os “mandamentos” sociais. Para as coisas mais simples: “o culpado é fulano!”
O Direito evoluiu em alguns países, onde já não se pensa simplesmente em se punir o “criminoso” (sim, entre aspas, pois passa a ser uma expressão questionável) e sim “ajustá-lo ao meio”; isto representa um grande progresso do Sistema: o homem se aproximando mais e mais do Homem.
No reino animal, isto é, entre os irracionais (já que o homem também é animal), não existe culpa. Podemos acusar o animal doméstico porque quebrou um objeto da casa? Jamais. Mas quantos “humanos” não castigam os animais que assim procedem, vendo neles culpados, como se humanos dotados de compreensão fossem? Uma coisa é adestrar um animal (adestrado ele jamais erra, pois apenas cumpre condicionamentos), outra é castigá-lo, que nada mais é do que jogar sobre ele todas nossas iras e problemas não resolvidos. Já o “adestramento” humano decorre de outra maneira: é tudo explicado.
Se não o é, deveria, e é justamente aí que começam os desajustamentos sociais.
O processo usado para o ajuste do indivíduo às regras sociais denomina-se educação. Ora, para educar é indispensável que o educador seja educado. Daí advém que o processo é lento, pois até que tenhamos uma quantidade mínima de bons educadores temos que conviver com fórmulas violentas de relações humanas onde os indivíduos se sobrepõem uns aos outros pela força, decorrendo, daí, um conjunto de regras sociais eivado de hipocrisias, onde o termo “respeito” não tem significado algum ou significa muito pouco. Neste sistema torto imperam regras simplistas pois os indivíduos estão longe de “pensar” o como as coisas poderiam ser e, se estão longe disto, o quão longe estão de tomar alguma atitude no sentido de modificar para melhor o quadro existente?
Nesse quadro simplista prevalecem certos termos, também simplistas, tais como culpa e perdão, onde o perdão presume a anterior culpa, pois não cabe perdoar a quem não tem culpa. E, afinal, a culpa existe ou não? NÃO! Num patamar mais elevado, lá na alma do indivíduo (Existe alma? É possível.), culpa está fora de questão. Somos seres imperfeitos, mas em busca justamente dessa danada de perfeição, coisa tão difícil e que nem sabemos bem o que é. É uma meta sempre indefinida de Ser, de se buscar a própria essência, o próprio centro. Nesta busca cometemos os mais “desvairados crimes” na esfera humana, crimes que escondemos pelo medo de represálias daqueles que, também os cometendo, não suportariam ver, em nós, a imagem deles mesmos: fariam de nós bodes expiatórios, o que não é nada agradável.
Vivemos num mundo nada piedoso, nada justo no que, à primeira vista, denominamos de “justo”, pois o Mundo é o que é e mais temos que nos ajustar a ele do que esperar que ele mude pra começarmos a viver. Erros sempre cometeremos e é bom que assumamos a responsabilidade pelos mesmos, no mínimo perante nós mesmos, se não os quisermos assumir socialmente, devido às conseqüências que adviriam.
Não peçamos perdão (ou desculpa, que é praticamente o mesmo) por nossas falhas junto a alguém; retratemo-nos que é bem melhor, mais profundo, mais completo, diferenciando-se do simplismo do perdão, atitude carregada de emoções, se não apenas emocional, que mais se assemelha ao passar de uma borracha sobre um erro que, mesmo que inconscientemente, pretendemos, mais adiante, cometer novamente.
Já retratação não pode ser um discurso decorado, tampouco movido apenas pela emoção, pois deve refletir um estado d’alma aliado a um compromisso que busca o aperfeiçoamento na esfera espiritual.
E não sejamos ingênuos pensando que as pessoas a quem nos retratamos são puras, isentas de “pecado”. Como diz o Millor Fernandes, “..., quem tem culpa é o primeiro a atirar a pedra. Basta ver qualquer processo por corrupção.”
Preferível errar na busca de vivências que nos proporcionem oportunidades para melhor conhecimento da vida e dizer, como na música cantada pela Edith Piaf, “Não me arrependo de nada!”, do que ficar se arrastando na vida sob o peso de culpas que nos fizeram crer que existem.
A vida na sociedade humana presume, exige mesmo, certas regras; neste “pacote” de regras vem um elemento punitivo denominado castigo que se destina a intimidar todo aquele que pretenda infringir o estabelecido. Com o intuito de se instrumentalizar para enfrentar os problemas decorrentes das infrações às regras de conduta, a sociedade instituiu o Direito, isto é, uma instituição que cuida, entre outros, dos casos de desvio de conduta. Para melhor atuar, o direito estudou e fez algumas classificações práticas para o funcionamento mais rápido e eficiente (ao invés de eficiente, aqui deveria ser “justo”; no entanto as conveniências e o despreparo sociais impedem a verdadeira justiça) possível da instituição.
O desvio de conduta passou a ser denominado de crime e, este, classificado como culposo ou doloso. Culposo, quando apenas houve falha do indivíduo que cometeu o “crime”, sem que, no entanto, ele o tenha premeditado; o doloso é justamente quando houve premeditação, intenção. Após todo um processo de julgamento, e isto por uma questão de praticidade, o acusado de crime, o réu, é definido entre duas possibilidades; culpado ou inocente. Não se usa, neste momento, o termo dolo, mesmo que exista. Ora, advém daí a expressão de culpado pra tudo quanto é situação em que alguém infringe os “mandamentos” sociais. Para as coisas mais simples: “o culpado é fulano!”
O Direito evoluiu em alguns países, onde já não se pensa simplesmente em se punir o “criminoso” (sim, entre aspas, pois passa a ser uma expressão questionável) e sim “ajustá-lo ao meio”; isto representa um grande progresso do Sistema: o homem se aproximando mais e mais do Homem.
No reino animal, isto é, entre os irracionais (já que o homem também é animal), não existe culpa. Podemos acusar o animal doméstico porque quebrou um objeto da casa? Jamais. Mas quantos “humanos” não castigam os animais que assim procedem, vendo neles culpados, como se humanos dotados de compreensão fossem? Uma coisa é adestrar um animal (adestrado ele jamais erra, pois apenas cumpre condicionamentos), outra é castigá-lo, que nada mais é do que jogar sobre ele todas nossas iras e problemas não resolvidos. Já o “adestramento” humano decorre de outra maneira: é tudo explicado.
Se não o é, deveria, e é justamente aí que começam os desajustamentos sociais.
O processo usado para o ajuste do indivíduo às regras sociais denomina-se educação. Ora, para educar é indispensável que o educador seja educado. Daí advém que o processo é lento, pois até que tenhamos uma quantidade mínima de bons educadores temos que conviver com fórmulas violentas de relações humanas onde os indivíduos se sobrepõem uns aos outros pela força, decorrendo, daí, um conjunto de regras sociais eivado de hipocrisias, onde o termo “respeito” não tem significado algum ou significa muito pouco. Neste sistema torto imperam regras simplistas pois os indivíduos estão longe de “pensar” o como as coisas poderiam ser e, se estão longe disto, o quão longe estão de tomar alguma atitude no sentido de modificar para melhor o quadro existente?
Nesse quadro simplista prevalecem certos termos, também simplistas, tais como culpa e perdão, onde o perdão presume a anterior culpa, pois não cabe perdoar a quem não tem culpa. E, afinal, a culpa existe ou não? NÃO! Num patamar mais elevado, lá na alma do indivíduo (Existe alma? É possível.), culpa está fora de questão. Somos seres imperfeitos, mas em busca justamente dessa danada de perfeição, coisa tão difícil e que nem sabemos bem o que é. É uma meta sempre indefinida de Ser, de se buscar a própria essência, o próprio centro. Nesta busca cometemos os mais “desvairados crimes” na esfera humana, crimes que escondemos pelo medo de represálias daqueles que, também os cometendo, não suportariam ver, em nós, a imagem deles mesmos: fariam de nós bodes expiatórios, o que não é nada agradável.
Vivemos num mundo nada piedoso, nada justo no que, à primeira vista, denominamos de “justo”, pois o Mundo é o que é e mais temos que nos ajustar a ele do que esperar que ele mude pra começarmos a viver. Erros sempre cometeremos e é bom que assumamos a responsabilidade pelos mesmos, no mínimo perante nós mesmos, se não os quisermos assumir socialmente, devido às conseqüências que adviriam.
Não peçamos perdão (ou desculpa, que é praticamente o mesmo) por nossas falhas junto a alguém; retratemo-nos que é bem melhor, mais profundo, mais completo, diferenciando-se do simplismo do perdão, atitude carregada de emoções, se não apenas emocional, que mais se assemelha ao passar de uma borracha sobre um erro que, mesmo que inconscientemente, pretendemos, mais adiante, cometer novamente.
Já retratação não pode ser um discurso decorado, tampouco movido apenas pela emoção, pois deve refletir um estado d’alma aliado a um compromisso que busca o aperfeiçoamento na esfera espiritual.
E não sejamos ingênuos pensando que as pessoas a quem nos retratamos são puras, isentas de “pecado”. Como diz o Millor Fernandes, “..., quem tem culpa é o primeiro a atirar a pedra. Basta ver qualquer processo por corrupção.”
Preferível errar na busca de vivências que nos proporcionem oportunidades para melhor conhecimento da vida e dizer, como na música cantada pela Edith Piaf, “Não me arrependo de nada!”, do que ficar se arrastando na vida sob o peso de culpas que nos fizeram crer que existem.
Assinar:
Postagens (Atom)